Era tarde da noite... ela estava lá, deitada em seu quarto, como quase sempre.
Bem que ela queria sair dali e assistir televisão, ler um livro no sofá da sala, ou atacar à geladeira... mas não! Só o fato de cruzar com alguém da família no corredor já fazia sumir qualquer pretenção menos emergente do que fazer xixi.
Ela ficava ali, deitada, sem coragem pra nada além de ouvir aquele CD. Denovo aquele CD que sempre a deixava deprimida. Era uma coisa assim como ter saudades, sem saber de quem ou do que... era evitar o mundo querendo estar em outro lugar.
No meio dessa ânsia dava um aperto no peito, um nó na garganta de vontade de gritar tudo... tudo o quê? Nem ela sabia, mas dava vontade de colocar pra fora.
Pensou em se vestir e sair, sem dar satisfações a ninguém, pra lugar nenhum, sem hora pra voltar.
Quem sabe conhecer alguém? Dar um bom beijo na boca de um estranho pode ser a melhor
solução... ou uma forma de criar um problema real pra administrar.
Será que era esse o problema? A falta de problemas reais pra se envolver?
Enquanto refletia sobre sua vida, a origem do universo, a repressão feminina e o dilema da relação custo-benefício entre a pílula e o DIU, ela dormiu... Sonhou com vampiros. Acordou com o despertador e se arrumou pra aula, sem pensar em mais nada.
Quem sou eu
- Queisse
- Mulher, mãe, psicopedagoga... tantas e uma só! Única, como todas nós. A educação é paixão e auxiliar famílias nessa jornada sempre foi um prazer.
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
Ô vidinha triste!
Não ter problemas reais para se preocupar... lembra-me aquela música "não vai dar, assim não vai dar... como vou crescer sem ter com quem me rebelar" (ou mais ou menos isso! kkkk)
Mas, há um equilíbrio escondido na personagem... afinal, o drama intelectual também é cruel... a conversão dos astros, os dilemas da economia, o estranho marxismo-kantiano de Foucault nas obras de Fernando Henrique Cardoso (AP - Antes da Presidência)... essas coisas...
E assim, "la nave va"... enquanto os problemas se resumem a uma competição de vozes em uma sala de máquina, onde o espectador é desculpa para as vaidades, e não o porquê da apresentação...
Conflitos quase pós adolescentes, Micha... risos.
Coisas que só os ursinhos de pelúcia é que presenciam e que nem mesmo eles entendem!
Acho que isso até dá um novo post... quem sabe, né?
Postar um comentário