Marília tinha problemas com o seu peso, dieta nenhuma adiantava, estava sempre gordinha.
Acreditava que era bem por isso que já estava dobrando a casa dos trinta, ainda encalhada. Como queria emagrecer pra se casar!
Um dia resolveu seguir o exemplo de suas amigas: se matriculou numa academia de ginástica. Escolheu uma bem pertinho do trabalho pra não ter desculpa.
Segunda-feira de manhã bem cedinho já estava lá. Quase dormia em cima de cada aparelho, o cansaço tomava conta de todo seu corpo.
Trabalhar naquele dia foi um martírio! parecia que todos os seus músculos estavam em revolta, tudo cheio de nós, protestando contra a violência... devia ser como tomar uma surra daquelas de "arriar doido" como um pedaço de pau...
Na terça tentou fazer na hora do almoço. Quem sabe depois da metade do dia passado, ela conseguiria estar mais desperta e as atividades rendessem mais, não é? Não foi!
A esteira era um inferno: dava-lhe dores nas canelas...
A ergométrica era uma tortura: dava-lhe dores nas costas...
Sofrimento!
Quarta-feira, resolveu ir depois do expediente, até que o resultado foi bom: ficava mais fácil ir direto pra casa, tomar um banho quente e se arrastar até a cama.
Deitou em todas as posições que podia imaginar, mas nada adiantava. Rolou na cama gemendo até não aguentar mais e dormiu, exausta, só depois das três da manhã.
Levantou na quinta-feira, atrasada, depois de esgotar mentalmente todas as possibilidades de desculpas para não ir ao trabalho. Que vontade de inventar uma doença que justificasse sua ausência na repartição! A responsabilidade falou mais alto.
No ônibus lotado, ela sentia vontade de gritar cada vez que alguém encostava em qualquer parte do seu corpo, gente distraída! Por que tem que esbarrar sempre onde está doendo? Acabou perdoando porque de nada adiantava mudar o lugar das trombadas, doía tudo, mesmo...
Deu seis da tarde e ela foi para o calvário, quase chorando! Conversou com o instrutor que não conseguiria sobreviver a mais um dia daquela coisa. Ele lhe disse para tomar um relaxante muscular.
Foi o desespero que a fez resolver passar na farmácia depois da malhação, quando só o que queria era deitar na calçada, ali mesmo, na frente da casa de tortura.
Dormiu melhor com a tal drágea, apesar de ter pesadelos horríveis com a ditadura militar e paus de arara durante a noite toda.
Sexta-feira, mais um suplício!
Era o último dia da semana... o instrutor tentava lhe dar ânimo, dizendo que a dor era passageira, que logo ela se acostumaria... ela pensou que ele devia estar certo: o ser humano se acostuma com tudo...
Resolveu se acostumar com seus pneus e nunca mais pisar lá!
Foi nisso que entrou um cara liiindo... um deus grego!
Marília ficou alucinada e nem sentia mais a canela enquanto tentava esticar o ouvido pra descobrir quem era o pão... mas nem conseguiu ouvir nada, nem foi notada. Foi pra casa, se sentindo uma adolescente, deitou e dormiu sonhando com o bonitão.
Na semana seguinte, foi dia após dia pra academia pra ver o pretendido pretendente. Todos os dias ele estava lá, como podia ser tão... tão? Ele era... ela babava... e malhava.
Seis meses depois, nessa rotina frenética, ela quase dez quilos e meio mais magra: conseguiu arrancar o primeiro olhar do cara.
Na semana seguinte foi um aceno. Ai!!!
Na outra ele chegou perto! Era uma quinta-feira...
Ela se sentia como se fosse entrar em erupção a cada passo que ele dava em sua direção... ele chegou bem perto, disse "meu nome é Clóvis" e o mundo desabou!
Clóvis tinha um mau hálito de doer e a moça nem conseguia prestar atenção ao que ele dizia, fez de tudo pra encerrar a conversa o quanto antes. Senhor! Ele não parava de falar!
Coitadinha... ela teve que trocar de academia, porque o cara grudou e não largava mais do seu pé.
Linda, magra e só... antes assim que mal acompanhada!
Quem sou eu
- Queisse
- Mulher, mãe, psicopedagoga... tantas e uma só! Única, como todas nós. A educação é paixão e auxiliar famílias nessa jornada sempre foi um prazer.
sexta-feira, 31 de outubro de 2008
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2 comentários:
Hahaha que ótimo, mais real e divertido impossível!!
Que legal que você gostou, Jú!!!
Continue aparecendo por aqui... Na medida do possível, vai ter sempre uma novidadezinha dos devaneios da sua cunhada! Hehehe
Beijos.
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