Jenciny estava ansiosa com a primeira visita do Astrinho (jeito carinhoso que ela chamava Astrogildo, seu novo namorado). Ela não sabia o que fazer pra agradar ao moço!
Já tinha quase três anos que ela morava sozinha na cidade, tinha vindo pra estudar e, desde então, nunca havia recebido nenhuma visita masculina no apartamento.
Resolveu fazer um bolo, pra passar o tempo e controlar a ansiedade...
Achou melhor acender o forno antes de preparar a massa, pra já ir aquecendo e adiantar o serviço. Acabou com uma caixa de fósforos até se dar conta de que acender o forno com a janela da lavanderia aberta seria uma missão impossível...
Tudo bem, forno aceso, hora da receita: bolo de chocolate! Escolha certeira porque, além de ser sua especialidade, ainda era o preferido do amado... Ah, não! o chocolate em pó acabou... bom, ela com seu jogo de cintura de cozinheira de mão cheia contornou muito bem a situação. Preparou a massa branquinha, mesmo, pensando em plantar no meio alguns pedaços daquele chocolate horrível que ganhou do seu chefe, na Páscoa... pra recheio devem servir!
Quase todos os ingredientes na bacia, ela ponderou sobre o que acrescentar antes, o fermento ou o chocolate? O fermento!!! Não tinha fermento!!! Como ela poderia ter se esquecido disso? Logo ela que sermpre que faz um bolo pra alguém fica tensa só de pensar em servir uma travessa batumada...
Desceu como se fosse uma flecha até a mercearia do Seu Jonas, comprou o fermento e quase não sentiu os três lances de escada. Já estava na cozinha: fermento em punho, na massa... a massa na forma, com o chocolate misturado, tudo no forno.
Entrou no banho pra ficar cheirosa, um jeito no cabelo, um vestidinho casual, o bolo em cima do balcão da cozinha e nada do Astrinho, quase uma hora de atraso. Tocou o telefone! Devia ser ele!!! Desde que o interfone quebrou, essa era a única maneira de avisar que se estava esperando lá em baixo.
Oi, amor... o quê? Você não pode vir? Dor de barriga??? Mas eu fiz bolo de chocolate... Não vai dar? Compreender??? Cobras e lagartos (me poupo de entrar nos detalhes sórdidos).
Fim de noite, fim de relação... fim de regime!
Quem sou eu
- Queisse
- Mulher, mãe, psicopedagoga... tantas e uma só! Única, como todas nós. A educação é paixão e auxiliar famílias nessa jornada sempre foi um prazer.
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
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4 comentários:
é, ao menos o bolo não foi desperdiçado!
Pois é... hehehe
Cheguei quase a pensar que era auto-biográfico o conto. O desenrolar, contudo mudou minha concepção.
É claro que quem escreve sempre usa um pouco do seu repertório de experiências. Também busca inspiração na vida alheia.
Além da técnica, o que marca o escritor é a visão de mundo, como aborda a própria vida e a dos outros.
Neste caso, o desenrolar da coisa me fez ver que não é tão auto-biográfico assim, mas que foi divertido pensar que era no início, foi.
Beijos
vivaovinho.blogspot.com
Divertido provocar isso, Leonardo... risos.
Com certeza, tudo o que se escreve é uma colcha de retalhos, das experiências e das observações, eu costuro com cuidado e carinho...
Às vezes fica bom!
Por falar em bom, é sempre bom quando você passa por aqui, melhor ainda quando deixa um comentário! Adoro!
Beijos
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